terça-feira, 30 de novembro de 2010

Idosos conquistam direitos.

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"Houve um tempo em que não era dada a palavra à criança, sempre tratada como um cidadão de segunda classe. Dizia-se que ela era a última a falar e a primeira a apanhar. Hoje, a opinião da criança é muito importante. Não tenho dúvida de que isso vai acontecer com o velho num espaço de tempo muito curto."Jacob Filho lembrou que os conhecimentos científicos em relação ao envelhecimento são muito recentes na comparação com outros campos e que durante muito tempo se procurou apenas combater, buscar a "cura" em vez de se entender o processo.Ecléa Bosi defendeu a idéia de que o idoso é um ser especial: "Todo idoso se diferencia porque ele tem uma densidade biográfica que os mais jovens não têm. Possuem algo a contar. Portanto, a memória do velho alarga os horizontes da cultura".
A professora se referiu à realização de uma pesquisa durante a qual a história da cidade de
Mario Amato ressaltou a atividade permanente como elemento fundamental para a manutenção da saúde. "O problema é justamente a memória, que começa a falhar. Às vezes esqueço o significado de uma palavra em inglês, vou ver no dicionário e quando abro o livro esqueci a palavra", afirmou, provocando risos.
De qualquer maneira, lembrou muito bem de seu passado de atleta e fez questão de corrigir Ecléa Bosi: "O Meneghetti roubava dos ricos, mas não dava para os pobres, não. Ficava com o dinheiro".
Referindo-se à sua área de atuação, a indústria, Amato lembrou que o grupo Matarazzo era, então, uma potência. "Hoje, nem existe mais. Por isso que digo que é preciso evoluir, é preciso empreender alguma coisa, porque não se pode simplesmente envelhecer aos 60 anos. Às vésperas da morte, posso dizer que tenho saudade da minha vida", afirmou.
Os termos usados para dividir a população entre "jovens" e "velhos" nada mais são do que adjetivos discriminatórios, para o geriatra Wilson Jacob Filho.
Para o médico, o processo de envelhecimento em si não causa nenhuma limitação. "Se há uma disfunção, se há a perda de alguma capacidade física num curto espaço de tempo, isso não é envelhecimento, isso é doença. Uma doença que, na quase totalidade dos casos, é mal avaliada, mal diagnosticada e mal tratada e que termina atribuída à velhice."
Apesar de reconhecer que;: obstáculos aos idosos, Jacob Filho acredita que "nunca houve tanta possibilita de envelhecer como hoje"."Os números do IBGE comprovam como aumentou a expectativa de vida. Cabe portanto à sociedade, à família lutar para que o bem-estar dessa vida mais longa possa ser maior, tornar o ambiente mais compatível com a mudança populacional da qual seremos protagonistas privilegiados."(resumido)
(Folha de S. Paulo – 05/12/03)




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