terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Espera de um amor…parte dois

Chegaram no ginásio.  Gente de toda a parte, de todos os lados, pessoas felizes, com faixas das igrejas, com camisetas coloridas, fitas nos cabelos, bandeirolas na mão, cada um fazendo a sua própria campanha.  Maria conduziu o seu grupo para as escadas que davam de frente ao palco onde o coral e o Sammy estariam.  Sentaram-se e conversavam muito.  Mas Maria observava os portões.  ”Será que o meu amor perdeu-se, será que ele vem de ônibus?  Será que ele vai me surpreeender?  Oh, Deus, por favor, não me deixe sozinha…”Estava ventando muito nas escadas onde estavam.  Marcos e as garotas pediram a ela se poderiam sentar-se lá do outro lado, pois não estavam se agradando do vento.  Maria disse que sim.  Perguntaram-lhe se não iria com eles, e ela disse que já estava bem acomodada ali.  E eles foram embora, deixando-a sozinha.  ”Poxa, que amigos da onça eu tenho!  Ninguém quis ficar comigo”.Começou o culto.  O coral cantava maravilhosamente.  Alguns solos, avisos, e Sammy Tippit pregou a Palavra de Deus, sob a interpretação maravilhosa do Pr.  Tércio, da Primeira Igreja Batista de Maceió.  Depois do apelo evangelístico, dezenas e dezenas de pessoas desceram das escadas, em lágrimas, entregando-se a Jesus.Maria ficara feliz, com certeza.  Mas o seu coração estava arrasado.  O João não veio.  E ela queria que essa tarde fosse uma tarde completa: ela e o João.  Ela queria estar ao lado de quem amava.  Seu coração pulsava forte por João, mesmo que dois anos os separassem.Assim que Sammy orou pelos decididos, o povo foi se levantando para ir embora, pegar a condução.  Mas o coral ainda cantava.  Maria ficou até o fim.  Maria ouviu parte por parte.  Seus garotos estavam cantando, ela fez questão de prestigiá-los.  Quando terminaram, ela levantou-se e aplaudiu efusivamente a apresentação, e desatou a chorar.  E chorava copiosamente.  Seu coração doía.  Ela já não sabia se chorava de alegria pelas conversões, ou pelo gozo de ver seus meninos cantando uniformizados, ou se lamentava a ausência de João.  Olhou à sua volta.  Não sobrara ninguém!  Ela estava absolutamente sozinha.  A única que ficara sentada na arquibancada!Maria chorou, e ninguém a consolou.- “Senhor, por que comigo?  O que foi que eu te fiz?  A Gláucia, a Cíntia, a Beth, a Zenaide, todas são felizes, estão namorando, e não sofreram assim!  Elas me pressionam, Senhor, dizem que não sou normal!  Onde está o João, Senhor?  Onde estão os meus amigos?  Onde está a minha felicidade?”Ah, sim.  A dor que Maria sentia era muito grande.  Não era manha não.  Nos seus 21 anos, Maria era virgem.  Guardara-se para agradar ao seu Criador, honrando ao Senhor Jesus.  Maria era trabalhadora, desde os 14 anos nunca deixara de exercer alguma função, e agora era secretária numa boa empresa.  Era a primogênita da família, uma filha excelente.  Seu quarto era um brinco, seus pais muito a amavam.  E, na igreja, um exemplo: recepcionista de visitantes, professora dos adolescentes, cantava solos, dava cursos de artesanato e participava da sociedade de moças.  Sua beleza era inconfundível: uma pinta bem debaixo da orelha direita exercia um charme especial.  Quando sorria, lindas covinhas se abriam, e os seus loiros cabelos brilhavam mais ainda, combinando com aqueles olhos de um azul claríssimo!  Linda, trabalhadora, inteligente, amada, Maria não queria outro homem, somente o João, seu primeiro e grande amor.  Maria sentia-se só.Quantos de nós não somos como Maria, detentores de um vazio enorme dentro do coração, frustrados com as coisas que não acontecem, ou fartos de outras que teimam em acontecer!  Quantos de nós ficamos sentados, sem um amigo verdadeiro do nosso lado!  Ninguém conhece as profundezas de nossos corações!Ainda nas escadas do ginásio, Maria orou com a bíblia no colo:

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