quinta-feira, 17 de março de 2011

Os Sobreviventes Autor: Alberto Grimm

Do ponto onde se encontrava, ele podia ver quase toda cidade, ou o que restara dela. Não restara muita coisa, apenas alguns esqueletos daquilo que um dia fora os mais altos arranha-céus daquele país. O resto era apenas uma massa uniforme de entulhos, onde era impossível encontrar alguma coisa, que permitisse identificar o que fora aquilo, ou parte daquilo, um dia. O espesso manto negro que cobria o céu, ainda não se dissipara totalmente, mas alguns discretos focos de luz do sol, como se fora pequenas chamas de um amarelo pálido, já podiam ser vistos em dois ou três pontos por trás das nuvens; eram poucos, apenas cinco pontinhos haviam sido mapeados em todo o planeta, sem mudança alguma nos últimos 1500 anos. Mas aquilo já representava um progresso importante, perto dos 80.000 anos de escuridão quase total de antes.

Naquele mundo quase sem cor, pouca coisa havia para se observar. As plantas eram mirradas e aquelas que eram consideradas gigantes, não mediam mais que dois palmos de altura. Suas folhas agora possuíam uma cor acinzentada, e as árvores frutíferas, além de produzirem poucos frutos, dois ou três por safra, só produziam variedades envenenadas. O ar também se tornara excessivamente tóxico, e uma neblina permanente tornava a visão de qualquer um, eficaz apenas para curtas distâncias. Para médias ou longas distâncias, todos se contentavam em apenas contemplar silhuetas difusas se esgueirando por dentre a névoa.

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